CPI das Bets no Senado deve ser encerrada antes do previsto
Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, sinalizou que deve encerrar CPI antes de abril de 2025
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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, criada em novembro de 2024 no Senado para investigar a manipulação de apostas esportivas no Brasil, enfrenta um cenário de instabilidade que ameaça o prosseguimento de seus trabalhos. O objetivo inicial de aprofundar a regulamentação do setor e combater fraudes tem sido ofuscado por polêmicas políticas e jurídicas, colocando em xeque a credibilidade da investigação. A relatora, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), reafirma a seriedade do processo, mas acusações de extorsão e manipulação por lobistas têm fragilizado o andamento da comissão.
Um dos marcos recentes foi a audiência de 10 de dezembro, quando Regis Alexandre Dudena, secretário de Apostas do Ministério da Fazenda, revelou que mais de 5 mil sites de apostas ilegais foram bloqueados no Brasil. Apesar de avanços no combate às irregularidades, questões como a definição de jogos permitidos e o fortalecimento da fiscalização permanecem sem respostas claras. A CPI busca alternativas para tornar o mercado de apostas mais seguro, tanto para os apostadores quanto para as autoridades que monitoram o setor.
A controvérsia ganhou força após o Supremo Tribunal Federal (STF) impedir a convocação da influenciadora Deolane Bezerra, investigada por suspeitas de lavagem de dinheiro em sites ilegais. A decisão, tomada com base no princípio constitucional da não autoincriminação, limitou a atuação da CPI, gerando debates sobre os parâmetros legais para convocação de investigados. Esse episódio expôs as dificuldades jurídicas enfrentadas pela comissão e levantou dúvidas sobre sua capacidade de promover avanços significativos no combate às fraudes.
As tensões políticas aumentaram em 14 de dezembro, quando o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sinalizou a possibilidade de encerrar a CPI antes de abril de 2025. Alegações de extorsão envolvendo o lobista Silvio de Assis e membros da comissão, incluindo a suposta cobrança de R$ 40 milhões para evitar depoimentos, agravaram a crise. Soraya Thronicke refutou qualquer envolvimento, mas o caso gerou desconfiança quanto à integridade das investigações e reforçou pressões pelo encerramento antecipado.
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